May 3, 2017

Enfrentando Medos - Algumas Coisas

Um dos propósitos de retomar esse blog após tanto tempo em hibernação é reforçar e fazer com que fique guardado para sempre o período da vida em que venci um medo.

Enfrentar um medo é como uma guerra. Algumas batalhas a gente perde, outras a gente ganha. Mas diferentemente de uma guerra, a vitória aqui é mais certa - basta apenas a persistência (e muita, mas muita força de vontade).

A primeira coisa que vale a pena avaliar antes pular de cabeça para vencer um medo é sopesar a velha proporção do custo e benefício. Por exemplo, inexplicavelmente, ultimamente fiquei um pouco medroso com altura. Nada de muito especial e que me atrapalhe, mas provavelmente pular de bungy jump (como já fiz outras vezes) vai ser extremamente difícil. Skydive, nem pensar. Ok. E daí? E daí que, para mim, não vale a pena vencer esse medo pelo custo e sofrimento que isso vai causar. Porque uma coisa é certa: enfrentar um medo significa, de certa forma, viver um sofrimento psicológico.

E aqui já vamos para a segunda coisa. Vencer um medo é sofrido. Muito sofrido. A não ser que você acredite em remédios milagrosos, encosto e em outras macumbas, não tem outra forma de vencer um medo senão se expor a ele. Exposição. Muita exposição. Se a fobia for andar de avião, por exemplo, se prepare, porque por umas 10 ou mais vezes você vai ter a certeza absoluta de que dessa vez seu avião vai cair e você vai morrer. E pensemos aqui: uma das sensações mais horríveis do mundo é a sensação de morte. Dá pra ter uma ideia de quanto é sofrido a exposição.

Por fim, uma última coisa: vencer um medo é recompensador. Quanto maior o desafio, maior é a sensação de poder quando você consegue superá-lo. Sim, você pode. Você conseguirá não só dominar seu corpo, mas principalmente sua mente. Irá se sentir tipo o Professor Xavier do X-Men. É uma sensação deliciosa que vai dar um up em sua estima e autoconfiança. Animal.

Mas não podemos nos iludir: vencer um medo não significa eliminá-lo completamente. Vencer uma Catsaridafobia (que lindo o nome dado à fobia de baratas), por exemplo, não significa que você irá conviver harmoniosamente com elas, e até, quem sabe, colecionar livros, chaveiros e pôsteres de barata. Não é tão romântico assim. Eu mesmo tinha uma ideia idealizada do que era vencer meu medo (e irei contar mais dele em um próximo post). Mas não, sejamos realistas: vencer um medo significa não mais do que aprender a conviver com ele. Não deixar ele te dominar. Só isso. E, em um processo de "desfobiazação" isso já é muita coisa.

Mas o tempo está acabando, e o restante fica para outro dia.
Até!



Apr 24, 2017

Recomeçando (mais uma vez)

Hoje é segunda feira, 7:25 da manhã. 758 dias desde que escrevi pela última vez. Não é a toa que levei pelo menos cinco minutos só pra formular essa primeira frase. Afinal, escrever já não é, há muito, parte dos meus hábitos.

A ideia hoje era escrever sobre desafios e superação (parece até clichê essas duas palavras, mas prometo que não é - vou provar isso nos próximos posts). Mas sempre que eu retomo a escrever nesse blog, vem a vontade de relembrar tudo de interessante que ocorreu desde a última vez que escrevi.
Vamos lá, retomando então, meus objetivos de 3 anos atrás, muita coisa mudou. Vamos fazer um balanço (para acompanhar, dá uma olhada no post sobre algumas metas traçadas):

Não tenho dúvidas de que o que mais me marcou nesses 3 anos foi ter perdido meu pai, no meio do ano passado. Esse foi o ponto baixo de todo o período.
Em relação aos objetivos  não apenas passei no mestrado, mas já acabei. Foram dois anos que trouxeram muita coisa legal pra mim - especialmente em relação às pessoas que conheci.
Não corri uma maratona nem mesmo uma segunda meia-maratona, mas mantenho o hábito de correr até hoje. Não escrevi um livro nem aprendi italiano, mas aprendi a programar e comecei uma startup. Não dei a volta ao mundo velejando, nem morei fora um ano, muito menos advogo de forma brilhante, mas aprendi (meio que na marra) a cozinhar. Ao contrário do que queria, uso ainda mais o computador, afinal, não há como programar, sem usar um computador. Mas mesmo assim continuo acordando cedo, moro em uma casa maravilhosa e tenho uma super companheira (e agora um cãozinho também).

E só relendo esses poucos parágrafos que escrevi agora parece que eles sintetizam o que é a vida. É uma mistura de conseguir o que se quer, ao mesmo tempo em que se fracassa em todo o resto. É perder as pessoas que você ama, mas poder contar com algumas outras. Sinteticamente: é uma sucessão de felicidade e tristeza, fracassos e conquistas. E não podia ser diferente, afinal, se não houvesse fracasso, o sucesso não faria sentido, se não houvesse tristeza, a felicidade seria fútil.

Emprestando um trecho de memórias póstumas:

"Botas... as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar." 

Bom dia, segunda feira!

Jul 28, 2015

Novo Post Finalmente

Uma das coisas mais fáceis em um blog é que ele seja deixado ao relento, fique desatualizado, velho e sem importância para o mundo da internet.

Esse daqui está mais ou menos assim, a não ser que eu me empolgue a escrever de novo. Já passaram 7 longos meses de 2015 e o que poderia ter rendido até uns 150 posts (contando escrever 1 por dia), na verdade resultaram em míseros 2 posts.

O que aconteceu?

Na verdade, nesse semestre, foi difícil manter hábitos do bem. Será que agora vai?

Mar 9, 2015

Fresh Start

A frase do título deste post eu tirei de um programinha de planejamento financeiro, o YNAB (aliás, é uma ótima sugestão para quem quer controlar suas finanças). 

Uma das coisas que o programa diz é que, se você decidiu fazer as coisas de uma forma diferente e melhor, o mais interessante e eficaz é você esquecer todo o passado e começar a partir de hoje. Assim, se você quer começar a usar o programa, nada de ficar compilando e conciliando suas contas e cartões de crédito dos meses passados, nada disso. Esqueça tudo e comece hoje uma nova rotina. 

O mais legal de tudo: a gente pode fazer um fresh start a qualquer hora, qualquer dia, em qualquer dimensão da nossa vida. Exercitar, comer melhor, mudar de emprego, qualquer coisa. Pense que você não precisa prestar contas para seu passado (e lo que paso, paso), e comece tudo novo. Do zero.

E o post de hoje foi curtinho, só pra eu dar um novo começo também para o blog, que há muito estava parado. 

Até!

Dec 16, 2014

Desafios 2015

Bom dia!

Ano novo chegando, e para os aficionados por produtividade, essa é a época de traçar metas e desafios para 2015. Livros a ler? Peso a perder? Filmes absolutamente necessários? Um livro, talvez?

Pois é, eu já estou traçando minhas metas - e há muito mais diversão em planejá-las do que propriamente executá-las.

Por exemplo, quero fazer um desafio literário com 20 livros, e estou tentando que mais pessoas participem pra que possamos montar uma lista conjunta com pelo menos 10 títulos.

Outro exemplo, quero perder 8kg. Mas esse preciso de uma forcinha extra pra colocá-lo em prática.

E claro, vou tentar adiantar uma boa parte a minha dissertação nesse próximo semestre.

Enfim, já postei aqui que as vezes metas e objetivos podem impedir você de ser feliz. Mas às vezes é tão bom planejá-los vivendo em um mundo imaginário em que você pode tudo - basta apenas enumerar como mais uma meta de 2015 - que é melhor esquecer que devemos esquecer as metas.

Afinal, querer é poder?

(aliás, tenho que focar mais em terminar minha meta de 30 livros desse ano... faltam cinco ainda!!)

Dec 1, 2014

O Método e o Monstro

Um tênis.

Esse simples e irrelevante item foi a inspiração para o post de hoje.

É impressionante a forma como nós construímos nosso hábito. Existem várias teorias científicas que tentam explicar o hábito e como podemos fazer para mudá-lo. Todos que falam sobre produtividade passam, inevitavelmente, por tentar entender como um hábito funciona. Esse blog é, de certa forma, uma homenagem àqueles hábitos que nos faz bem, que nos ajuda a conquistar o que queremos.

Só que existe um problema (que não é tão grave assim, no final das contas). Construir um hábito requer construir um método de repetição. Recentemente saiu um estudo que diz que, para se construir ou mudar um hábito são necessários 66 dias de repetição para que ele se consolide na nossa estrutura psicológica (leia aqui). Essa construção metódica gera uma "preguiça" no cérebro que, querendo evitar esforço, já sabe exatamente o que fazer quando determinada situação acontece e não precisa se preocupar muito com isso. Assim, quando você acorda, o cérebro já sabe que tem que escovar os dentes, e você não precisa gastar muito "fósforo" pra pensar sobre isso.

E hoje acordei para correr, que de certa forma, é um hábito pra mim, e percebi que tinha esquecido meu tênis na cidade dos meus pais esse final de semana. Veja que situação terrível. Eu não tinha tênis. Como eu poderia correr sem tênis?

Veja que essa indagação beira quase o idiotismo. Claro que esse é um first world problem. Mas ele me falou muito sobre meus hábitos.

Bom, voltando para meu tênis, eu quase voltei a dormir ou desisti da corrida. Isso porque eu tinha um método para correr, e uma parte importante dele é calçar meu tênis. A minha corrida da manhã em muito se apoiava (literalmente também) nos tênis de corrida. Eu coloquei praticamente em um simples objeto um hábito todo. E quando não mais tinha esse objeto, a frustração foi terrível (afinal, eu acordei cedo justamente para calçar meus tênis e sair pra correr).

Mas felizmente eu vesti uma espécie de sapa-tênis que tinha e fui para o parque assim mesmo. E já que seria um pouco doloroso correr com aquele sapato, eu acabei fazendo uma caminhada por outra parte do parque, e fiquei pensando sobre isso... A caminhada foi agradabilíssima, e as reflexões melhores ainda.

E não há como enfeitar e prolongar muito a conclusão que é bastante simples: não podemos vincular nossa capacidade de fazer as coisas a objetos materiais. Os objetos é que têm que servir a nossos propósitos, e não os nossos propósitos devem ser vinculados a eles. Da mesma forma que os métodos são nossas ferramentas, e não nossas finalidades. Não deixe o método tornar-se o protagonista de sua vida de produtividade da mesma forma que (tentei) não deixar o tênis ser a razão de ser da minha corrida matutina.

Até!

Nov 26, 2014

Não ter metas. Mesmo

Lembre, leitor assíduo (ou inexistente), que ontem falei sobre planejar a vida.

É meio que lugar comum dentre aqueles que falam sobre bons hábitos e produtividade (sim, existe muita gente que fala/escreve sobre isso) que um dos primeiros passos para sermos mais produtivos é listarmos quais são nossos objetivos. Uma das abordagens clássicas foi a que escrevi ontem (aqui), que é a de listar onde você deseja estar nos próximos 1 mês, 1 ano, 10 anos e no final da vida. Outra também muito conhecida é a abordagem GTD (getting things done) do David Allen, que é extremamente doutrinada entre os americanos e muito interessante par dar uma olhada também.

Parece natural, portanto que você tenha que estabelecer metas, para começo de conversa.

Mas, e se não?

Acho que poucas pessoas se perguntaram como é viver, conquistar o que se deseja sem traçar nenhum objetivo. A vantagem já de cara é que muitas vezes (pra não falar todas as vezes) que traçamos metas/objetivos condicionamos, de certa forma, a nossa felicidade a isso. Eu mesmo já escrevi sobre isso aqui. Disse que a realização de objetivos não traz a felicidade em si, mas é uma condição necessária para uma vida feliz. Logo, se você consegue, de certa forma, não condicionar sua felicidade a nenhum objetivo ou meta, você tem mais chances de ser feliz usando aquele tripezinho que eu falei de: (i.) altruísmo; (ii.) relacionamento com boas pessoas; (iii.) redução da competitividade.

E é possível abandonarmos as metas, mas mesmo assim sermos produtivos?

Nada me provou que não é, e provavelmente vou me engajar em um novo experimento social-antropológico para isso. O fato é que muitas pessoas estão dizendo já que sim, isso é possível.

Você pode checar aqui, aqui e aqui.

A ideia geral é a alegoria de que sua vida é como se fosse uma copa do mundo. Seus hábitos são seus treinamentos, seu dia-a-dia. E seu objetivo é simplesmente ser campeão. Se você traça esse objetivo para sua vida, não ser campeão significa que você fracassou, mesmo tendo treinado muito, jogado bem todos os jogos, e ter tido boas experiências. Ora, e qual a razão, portanto, de não ser feliz só porque você não foi campeão? Essa é a lógica de viver sem objetivos.

Vamos tentar?
Até mais,

Nov 25, 2014

Planejando a Vida

Talvez uma das últimas coisas passíveis de planejamento seja a nossa vida. Não conheço uma vivalma (palavra idosa essa, não?) que tenha feito com que sua vida seguisse um roteiro pré determinado. Nem quem tenha chegado perto disso.

Mas ainda assim insistimos em planejar nossa vida.

Existe um hábito (quase como um ritual) principalmente entre os americanos que é estabelecer metas/objetivos para sua vida. Em tudo. Na sua vida pessoal, no trabalho, atividades físicas. A ideia basicamente é fazer um roteiro de sua vida de trás para a frente, do final da vida para o começo, que vou tentar explicar rapidamente:

(i.) Comece pensando o que gostariam que falassem de você no seu velório. Ou seja, nessa primeira etapa, estabeleça quais os legados que você gostaria de deixar. Um livro, um filho e uma árvore? Pessoas agradecidas por atividades altruístas? Herança milionária para os filhos ou sobrinho? Qualquer coisa. Mesmo. Coloque tudo num papel.

(ii.) Depois, estabeleça suas metas para sua aposentadoria (daqui 10, 20 ou 30 anos, não importa). O que você quer ter/fazer quando não estiver mais no ápice de energia para produzir? O que quer ter conquistado? Família? Vida saudável? Viagens intensas?

(iii.) Feito isso, quebre essas metas em metas menores para daqui a 5 anos. Para uma vida saudável aos 60, onde você quer estar daqui a 5 anos? Corrido uma maratona? Participado de um concurso de fisioculturismo? Ser avançado em alguma arte marcial? Faça isso para todas as metas de longo prazo.

(iv.) Estabeleça as metas do ano. Essas são mais palpáveis para serem entendidas pois fazemos isso (mesmo que inconscientemente) praticamente toda virada de ano. Onde quero estar no final do ano? O que quero ter conseguido? Mas, dessa vez, experimente fazer isso pensando nas suas metas de 5 e 10 anos...

(v.) Esse mês. Pra conseguir tudo aquilo que você listou para o ano, o que você tem que fazer hoje, essa semana, esse mês?

Enfim, lógico que planejar a vida não deva ser um manual fixo. Mas muita gente leva esse tipo de planejamento muito a sério, seguindo exatamente esses passos. Eu aprendi isso em uma aula da faculdade quando estava num intercâmbio nos EUA. Enquanto todos os alunos anotavam freneticamente como se aquilo fosse A resposta mágica. Mas... será que temos que fazer isso para conseguirmos o que queremos conseguir?

Obviamente que não. Pegue alguns exemplos de pessoas de sucesso para você. Muitas delas provavelmente não usavam método algum para planejar a vida.

Mas (e tudo tem um mas), há algumas vantagens em planejar. A primeira delas é você livrar sua mente de pensamentos desnecessários - escrever o que fazer/produzir/buscar faz com que esse objetivo ou tarefa pare de martelar sua mente, e acaba com o medo de "esquecer" aquilo. A segunda é que dará um rumo para algumas atividades (principalmente em estabelecer prioridades entre as atividades).

O que deve ficar claro é que esse não é o único modo de se conquistar o que deseja para o futuro. Entretanto, não deixa de ser um deles. Se eu me lembrar, vou falar mais disso amanhã.

Até breve.

Nov 24, 2014

Hábitos vs. Quebra de Rotina (ou: if you want to sing out, sing out)

Se você é um leitor assíduo do blog (o que provavelmente não é o caso), lembrará que no último post falei sobre cuidar do espírito (aqui). Falei também que estabelecer bons hábitos é uma atividade que demanda muito mais da sua mente do que do seu corpo. E que, na minha opinião, cuidar do espírito é a melhor forma de propiciar um descanso decente para sua mente. E também muito provavelmente, se você cuida também do seu espírito, você fica de bem com a vida.

Talvez o post de hoje possa parecer ir contra tudo que foi escrito aqui. E isso porque eu acredito que, às vezes, temos que quebrar nossas rotinas - mesmos as boas. E vou tentar explicar aqui o porquê.

Há milhões de modos de se viver a vida. E no nosso curto período de existência nós experimentamos, infelizmente, uma parcela tão ínfima, tão pequena que é impossível termos alguma ideia de qual seria o melhor modo de viver. Quando você quer saber qual marca de café é melhor, você tem que experimentar no mínimo dois cafés de marcas diferentes. Quando você quer saber se você prefere uma viagem para a praia ou para a montanha, você tem que, pelo menos, ter viajado para um lugar de praia e um de montanha antes.

Agora olha que maluco tudo isso. Nós com 16 ou 17 anos temos que escolher o que fazer para o resto de nossas vidas - durante 8 horas por dia todos os dias - dentre as milhares de possibilidades que existem no mundo. Sem ter experimentado nenhuma delas. E quando eu digo milhares de possibilidades não estou falando dos vários cursos que você pode escolher fazer na faculdade, mas muito além, como trabalhar em uma loja de souvenir em um transatlântico durante anos ou ajudar a organizar exposições de um museu qualquer na Tailândia. Abra a caixinha de possibilidades da vida. Pense nisso com a humildade de saber que provavelmente você está onde você está muito mais por uma determinação da vida em sociedade - por você ter nascido onde você nasceu, tido as experiências que teve, conversado com quem você conversou - do que por uma escolha livre e esclarecida.

A solução é então largar tudo e viver como ermitão na Mongólia? Pode até ser, mas acho que não é necessário uma medida tão drástica como essa. E não é necessário porque ainda que você passe a experimentar as coisas mais diferentes e loucas possíveis na sua vida, você vai continuar experimentando apenas uma parcela minúscula de possibilidades. Ao invés de viver o mundo na perspectiva de apenas um grão-de-areia na praia, você passará a viver a perspectiva de uma meia dúzia de grãos-de-areia diferentes... e isso não muda o simples e incontestável fato de que ainda existe uma praia inteira de grãos-de-areia... e um planeta inteiro de praias diferentes.

Talvez a melhor coisa seja viver consciente dessas milhões de possibilidades. E que você pode experimentar várias delas, quando quiser, como quiser, onde quiser. E cuidado, porque criar rotinas e hábitos (mesmo os supostamente do bem) pode fazer com que você esqueça disso, e viva uma vida que subestime e oculte outras possibilidades.

Comece hoje. Quebre uma rotina. Vá a um lugar diferente. Com alguém diferente. Um lugar que você achava que nunca pudesse ir. Com alguém que você achava que nunca pudesse te acompanhar. A experiência pode não ser boa, mas pode ser a-n-i-m-a-l também.

Na pior das hipóteses, você trará para si, mesmo que por um breve lapso, a consciência de que há muitas coisas diferentes que podem ser experimentadas e aprendidas. E um mundo inteiro que pode ser vivido. E talvez fará com que você mude, pelo menos um pouco, sua perspectiva e ideias sobre a vida.

E isso sim é cuidar do espírito.

Cat Stevens parece que sintetiza bem tudo de uma forma simples em "If you want to sing out, sing out":

You can do what you want
The opportunity's on
And if you can find a new way
You can do it today
You can make it all true
And you can make it undo
you see ah ah ah
its easy ah ah ah
You only need to know

Well if you want to say yes, say yes
And if you want to say no, say no
'Cause there's a million ways to go
You know that there are

And if you want to be me, be me
And if you want to be you, be you
'Cause there's a million things to do
You know that there are

Até mais!

Nov 21, 2014

Cuidar do Espírito

Sempre fui um pouco cético quanto àquele tripé para uma vida equilibrada: cuidar da mente, do corpo e do espírito. Particularmente em relação ao espírito, que nunca tinha encontrado muitas diferenças relevantes entre mente e espírito (principalmente pra mim, que sou mais cético do que crente), então quando cuidava da mente, achava já estar cuidando do espírito.

Na verdade, pra mim, não apenas esse tripé tem sido manco no "espírito" como também tenho dado importância para mente muito mais do que para o "corpo"... mas... por que estou escrevendo isso?

Porque isso tem tudo a ver com hábitos saudáveis.

Uma mudança para hábitos do bem é sempre penosa e exige muito esforço mental. Na verdade, mesmo nos hábitos mais ligados ao corpo, apesar de exigirem esforços físicos imensos, a mente é quem sempre é mais demandada. Isso porque é muito difícil atingirmos o extremo de nosso corpo. Se você acha que cansou pra caramba na academia hoje, e que depois disso não consegue fazer mais nada, experimente colocar um cachorro raivoso bravo e louco pra te devorar na saída da academia. Aí pode-se ter uma ideia dos limites do corpo e quanto ele é capaz de fazer coisas que você não imagina. Dificilmente chegamos no nosso máximo do nosso corpo. É quase sempre a nossa mente nos manda parar sob os mais diversos pretextos.

Assim, mesmo quando seu hábito do bem estipulado for ir para a academia todos os dias, você terá que travar uma luta (ou preferencialmente um pacto do bem) contra a sua mente, e não tanto contra seu corpo. E isso é desgastante. Principalmente quando você perde para você mesmo nessa guerra.

Todos nós, sem exceção, já falhamos em alguma (ou algumas, ou várias) metas que colocamos para nós mesmos. E isso gera um desapontamento muito grande e uma queda na autoestima. A pressão sobre nós mesmos cada vez fica maior até o ponto que, ou mudamos de meta, ou desistimos de vez.

E é por isso que cuidar da Alma/Espírito é tão importante. Do mesmo jeito que temos que dormir e comer bem depois de um dia desgastante de atividades físicas, nosso cérebro precisa também se recuperar, relaxar. E quase nunca fazemos isso.

E de que forma podemos cuidar do espírito então?

Isso é uma pergunta que exige respostas particulares, entretanto, as respostas tradicionais talvez sejam as mais próximas de nós, como religião e meditação. Mas sem dúvida alguma atividades altruístas como a filantropia são também terapias para a alma.

Nessa nova etapa dos meus hábitos do bem sem dúvida alguma vou trazer especial importância para essa outra perninha do tripé de uma vida equilibrada, tendo quase certeza de que será fundamental para criar bons hábitos saudáveis.



Nov 20, 2014

Voltando a ter (difíceis) bons hábitos

Em termos gerais, estou bem satisfeito com o meu semestre, que começou no dia 25 de Agosto, dia de início das aulas do mestrado. Entretanto, como todo bom e teimoso ser humano, não estou completamente satisfeito (eu disse bem, mas não completamente).

Por isso resolvi voltar à velha e difícil ideia de acordar cedo, às 6h00 da manhã (no fundo, no fundo, tenho uma meta de acordar às 5h30, mas vamos com calma!)

Quando não se tem chefe e há muita flexibilidade com horários, acordar as 6h é extremamente difícil. Não o ato de acordar em si, que é relativamente fácil (poxa, coloque o despertador e acorde!). Realmente, sempre achei que minhas manhãs são os melhores momentos no meu dia, então, eu, geralmente, acordo cedo... não é isso que estou tentando dizer.

O que é difícil aqui é a rotina de acordar cedo.
Ou seja, como fazer com que, durante um semestre inteiro, eu acorde todos os dias às 6h00, e comece a produzir desde esse horário, sendo aqueles dias em que não cumpro a regra considerados apenas esparsas e eventuais exceções (e não a regra em si).

Veja essa semana. Durante o final de semana passado, produzi uma tabela de horários para mim em que, dentre outras coisa, estabelecia que eu acordaria todos os dias as 6h00 da manhã. Hoje é quinta feira, e dos quatro dias, descumpri dois. Um porque na noite anterior fui dormir tarde pois teve uma confraternização de final de semestre, e claro, seria meio idiota perder uma confraternização com os colegas só para provar que você consegue seguir uma regras... Outro porque acabei ficando na internet (na cadeia interminável de vídeos interessantes do youtube) e, de novo, fui dormir mais tarde.

E o pior de tudo (melhor, aliás), é que, até agora essa semana foi extremamente produtiva: me exercitei 4 vezes em 3 dias, terminei um trabalho difícil, escrevi 2x no blog em 3 dias, e li bastante. Enfim, não foi nem de longe uma semana ruim.

Mas não consegui cumprir a rotina de acordar as 6h00. Que melhor escrito significa que não consegui cumprir a rotina de dormir cedo nas noites anteriores.

Mas vou postando os resultados.
Abraços

Nov 18, 2014

O Novo Experimento Social-Antropológico

Já havia contado aqui no blog sobre um experimento social e antropológico que fiz em meados de abril (post aqui). O experimento havia sido levar comigo apenas um celular antigo, daqueles que nem foto faz muito menos entra na internet. A ideia era ficar pouco mais de um mês assim. Ou seja, passava o dia inteiro sem whatsapp, email, facebook ou qualquer coisa que se conectasse com o mundo exterior (exceto por ligações e sms). À noite, quando chegava em casa, aí sim olhava o whatsapp e respondia a tudo e a todos.

O experimento foi fantástico. Apesar de eu não ter ficado muito feliz com aquele tecladinho horrível dos celulares antigos (ABC/ DEF...) em que a gente tem que ficar apertando várias vezes para encontrar a letra desejada (hoje vc aperta a letra e o celular já prevê a palavra desejada...), desconectar um pouco do mundo foi muito gostoso.

Pois bem, estou no meio, aliás, no finalzinho de outro experimento desse tipo. As regras mudaram um pouco: proibido internet no celular durante todo o período do experimento, que é um mês. Só para ser um pouco mais difícil, deletei todos os aplicativos de redes sociais (whatsapp, face, messenger, mapas, etc) e todos os atalhos que me levam a "ligar o wifi e a internet móvel". Só que dessa vez eu posso ficar com o smartphone e um teclado um pouco mais sensato. E não, não olhei nem vou olhar o whatsapp durante 30 dias...

Listo aqui 10 coisas que notei com esse experimento:

1. Quase todos os contatos que eu fazia era por whatsapp. Salvo algumas exceções, ninguém me liga ou manda sms. A interação social virtual diminuiu. Isso não significa necessariamente um aumento da interação social real.
2. Não tenho mais motivo algum para ficar no celular a não ser quando quero ligar para alguém ou mandar mensagem.
3. A bateria do celular dura uns 3 dias
4. A tendência natural é usar mais o computador de casa ou o notebook para se comunicar pelo facebook (esse é um grande "problema").
5. Todos com quem conversei sobre o experimento o acham interessante até, mas idiota.
6. Talvez a grande diferença que notei na minha rotina foi de manhã. Meu café da manhã é infinitamente mais tranquilo sem conexão. O café é um evento agora, eu preparo as torradas, preparo o café com leite, passo geléia, como as torradas, junto tudo, jogo o lixo no lixo, lavo a xícara e guardo tudo em seu lugar. O que eu quero dizer com isso? Que antes tudo isso era automático, fazia cada uma dessas etapas grudado na telinha respondendo os whatsapp que tinham chegado à noite e respondendo e arquivando emails.
7. A gente perde tempo com internet no celular. Bastante. Mas a culpa não é da internet, mas nossa. A procrastinação e o "enrolation" ocorre com ou sem internet. Ou seja, banir a internet do celular não vai te fazer o mestre da eficiência.
8. Confesso ter dado umas "roubadinhas". Quando estou perto de alguém que possui internet no celular e preciso saber alguma coisa no GPS ou no google, não hesitei em pedir.
9. Perdi dois compromissos relativamente importantes. Um foi porque não soube de uma informação que estava em um grupo de whatsapp. Outro porque uso calendário e listas de tarefas na nuvem e meu celular não se atualizou com as informações que eram colocadas no pc. Mas os dois compromissos eu poderia ter me planejado e ter evitado.
10. Depois da primeira semana, mais traumática, os outros dias foram bem tranquilos.

Por enquanto o experimento está assim.
Mas penso que, para ser realmente interessante (e difícil) o Facebook também deveria ser proibido durante esse período em todas as plataformas. Quem sabe em uma próxima vez?

Abs

Nov 17, 2014

A Volta dos que Nunca foram

Pois é...

O último post que fiz aqui nesse blog foi no começo de Maio desse ano. De lá pra cá muita coisa mudou - por exemplo, mudei-me para outra cidade e minha vida está completamente diferente.

De modo geral, acho que adquiri alguns hábitos bons, mas não quanto eu desejava. Por exemplo, sem dúvidas consigo focar mais em uma única coisa do que em várias ao mesmo tempo, e acabei desistindo de vários "projetinhos" pois seria (e é ainda) impossível conseguir tudo que eu queria fazer e aprender. Duas coisas boas, portanto (por mais incrível que pareça, para mim desistir de um projeto é uma coisa boa!)

O plano agora é retomar esse blog por dois motivos. Primeiro, que é a função primordial pela qual criei este blog: ajudar a atingir meus objetivos. O segundo é pelo prazer de escrever, atividade que não quero abandonar nunca.

Eu tinha várias ideias para escrever por aqui, mas acho que preciso contar mais ou menos o que aconteceu na minha vida nesses últimos 6 meses.
Eu tinha listado, em um post (pode vê-lo aqui), alguns objetivos que eu possuía. Vamos ver o que virou deles?

1. Passar no Mestrado (FEITO, Iuhul!)
2. Acordar Cedo (Feito parcialmente)
3. Correr segunda meia maratona (suspenso)
4. Correr uma maratona (desisti)
5. Dormir bem (Feito parcialmente)
6. Usar menos o computador (Fracassei nesse)
8. Estudar Mais (Feito!)
9. Escrever um Livro (Suspenso)
10. Começar uma Startup (Feito!)
11. Aprender Italiano (suspenso/desisti)
12. Dar aula de inglês (desisti)
13. Aprender a programar (desisti)
14. Dar a volta ao mundo velejando (desisti)
15. Ajudar outras pessoas (suspenso)
16. Morar fora 1 ano (suspenso)
17. Advogar de forma brilhante (suspenso)
18. Abrir o melhor escritório de advocacia (suspenso)
19. Passar na prova de proficiência de espanhol (desisti)
20. Aprender a cozinhar (desisti)
21. Ter um blog de sucesso (fracassei)
22. Ler 30 livros em 2014 (quase feito, reta final!!)

Mas claro, amiguinhos, vários desses eu já havia desistido, antes mesmo de começar o blog, e de propósito. Mas dentre os que não desisti, acho que tive um razoável sucesso...

Até para ter um tracking no futuro, olha como estão os objetivos/metas a partir de agora

1. Publicar mais no Blog
2. Videos de Direito (um projetinho que, depois com tempo, devo explicar mais)
3. Leitura ativa de livros de direito
4. Terminar um Mooc ainda esse ano
5. Escrever um artigo ainda esse ano
6. Continuidade e foco na startup (depois também com tempo devo explicar mais)
7. Ler mais focado na minha dissertação
8. Fazer uma segunda Meia Maratona (esse é talvez o sonho que sempre vai me perseguir)
9. Advocacia e Consultoria
10. Terminar com sucesso meu desafio de ler nesse ano 30 livros (depois preciso escrever mais sobre esse desafio)
11. Estudar advocacia prática
12. Ir para Cuba
13. Cuidar também da alma (novamente, ainda vou escrever sobre isso aqui).
14. Seguir um plano de atividades semanais.

Sem esquecer dos outros objetivos de mais longo prazo que ainda quero manter (da lista anterior)

15. Acordar cedo (minha meta a partir de agora é 6h00 todos os dias
16. Exercitar-me pelo menos 4 vezes por semana
17. Usar menos o computador
18. Escrever um livro

Pois é, veja que parece que tudo está um pouco mais palpável. Mas muitas vezes ainda me pego matutando se realmente esses são os melhores objetivos. Nos próximos posts quero dividir esses objetivos em coisas mais simples de serem trabalhadas (por exemplo, alguns desses objetivos são instrumentais para atingir outros, como acordar cedo, por exemplo). Eu poderia dividir também em curto/médio/longo prazo, mas decidi listar todos que posso começar desde já.

E isso tudo é assunto para outro dia.

Um abraço.

May 12, 2014

A musiquinha que toca

O post de hoje é um pouquinho além de meros hábitos do bem...

Todo mundo tem uma musiquinha que toca bem atrás do nosso ouvido. Às vezes ela toca tão alta, que a emoção dela irradia para você completamente; outras vezes ela é tão baixa que quase nunca a ouvimos.

Lembro uma vez uma situação em que estava extremamente feliz - daquelas felicidades que chegam até a arrepiar os braços - e um amigo (que é uma pessoa excepcional) me disse alguma coisa como: "você está sentindo a musiquinha tocar? Ela toca quando a gente está muito feliz, mas quando a gente começa a fazer coisas normais do dia a dia, ela começa a desaparecer, ficar baixinha, quase sumir... quando isso acontecer, tenta fazer alguma coisa pra trazer a musiquinha de volta".

Pois é, e foi não seguindo a recomendação dele é que a minha musiquinha foi acabando por diminuir até um nível impossível de ser ouvida. E ficou assim durante muito tempo. Eram raros os momentos em que ela voltava a tocar. Quer dizer, tocar acho que ela sempre toca. Eu é quem não conseguia ouvir.

Todo mundo já teve momentos em que ouviu sua musiquinha ficar alta (quase que ensurdecedora). O problema é que quando ela está alta, ela atrapalha a gente a fazer nossas coisas e rotinas normais. A gente não consegue preencher papelada, ficar no trânsito, ler o whatsapp ou cumprir rotinas muito tempo com a musiquinha alta. Atrapalha. Então a gente abaixa ela, até ela não ser alguma coisa além de uma memória boa - ah, a lembrança da musiquinha é sempre uma memória boa e nostálgica!

E quando a gente está com a musiquinha baixa, a gente não percebe a vida. Quer dizer, não como deveríamos perceber. É o famoso: a gente sobrevive, mas não vive. É ligar-se no piloto automático com dupla desvantagem: nem apreciamos a jornada nem sabemos exatamente para onde estamos indo.

Quando a musiquinha para de tocar, meu lado criativo desaparece. Some. Eu não consigo sentir nada muito profundo. Eu fico alegre, mas não profundamente feliz. Fico irritado, mas não profundamente triste. Nem dá para começar a escrever uma música ou algo um pouco mais poético (o que é extremamente fácil quando temos a inspiração da musiquinha). Não dá para se questionar muito, porque para tudo a resposta existe. Mas são respostas legitimamente minhas?

Quando a musiquinha para de tocar, parece que cumprimos um script de um filme. Seguimos roteiros pré-determinados, respondemos aos questionamentos que surgem com respostas pré-fabricadas (por outros) que cansamos de ver na tv, internet ou que falam para nós. É exatamente como disse Nick Dunne, em Gone Girl (e goste ou não você da citação, esse trecho resume bastante isso):
"I don't know that we are actually human at this point, those of us who are like most of us, who grew up with TV and movies and now the Internet. If we are betrayed, we know the words to say; when a loved one dies, we know the words to say. If we want to play the stud or the smart-ass or the fool, we know the words to say. We are all working from the same dog-eared scripted. 
It's a very difficult era in which to be a person, just a real, actual person, instead of a collection of personality traits selected from an endless automat of characters. 
And if all of us are play-acting, there can be no such thing as a soul mate, because we don't have genuine souls.
It had gotten to the point where it seemed like nothing matters, because I'm not a real person and neither is anyone else.
I would have done anything to feel real again"
Eu sei exatamente quando a musiquinha começa a tocar. E quando ela toca (e eu tenho tempo para ouvi-la, claro), é sensacional. Eu começo a fazer coisas estranhas, como questionar tudo, absolutamente tudo - um questionamento quase paralisante, porque se não temos resposta para nada, como eu não tenho, não há quase estímulos para fazer nada. E todos os questionamentos só trazem um ponto incontestável: o desejo de que a musiquinha não acabe. A única, única resposta mesmo que tiro como verdadeira em todo esse fuzilamento de perguntas é que eu não quero que a musiquinha acabe.

Mas de um jeito ou de outro ela acaba diminuindo de volume.
E a vida continua...

May 1, 2014

Que coisa bobinha!

Hoje estava almoçando quando um grupo de meninas, de 10 a 15 anos, todas vestidas de balé entraram também no restaurante para comer. Pelo que pude notar (e como hoje é feriado), provavelmente elas estavam em alguma apresentação. E me pareceu que estavam com uma expressão de "aliviadas".

Lembro o quanto levava a sério as minhas "apresentações". Desde quando eu fazia aqueles "teatrinhos" de dia dos pais ou dia das mães (tinha uns 5 a 12 anos de idade), até quando tocava teclado em algumas apresentações do colégio (de uns 10 a 14 anos), até mais recentemente quando tínhamos uma banda de rock e fazíamos shows (de uns 14 a 18 anos). Em todas essas ocasiões, a possibilidade de errar durante as apresentações era uma terrível fonte de angústia. E se eu errava, eu ficava martelando, envergonhado, comigo mesmo: "por que eu errei?"

Depois que passou a fase dos teatrinhos da escola, eu já com 12 anos ficava pensando: "uma coisa tão bobinha, por que eu me preocupava tanto? Claro que se houvesse algum erro, nossos pais e professores iam até achar "bonitinho! Agora, tocar teclado, isso sim é responsabilidade. Eu não posso errar. De maneira alguma."

E aí, mais alguns anos depois, já com 14 anos eu pensava: "Que coisa bobinha! Tocar tecladinho para a turminha da escola! Por que eu me preocupava tanto? Quero ver ser vocalista de uma banda para 500 pessoas na primeira apresentação. Isso é que é difícil. E se formos vaiados? E se eles não gostarem? E se a gente errar?"

Hoje eu lembro e vejo os vídeos da banda, penso: "Que coisa bobinha! ahhh, se minhas responsabilidades resumissem a tocar sem errar..." Agora eu vejo que era tão banal aquilo, que, caramba, eu não precisava ficar preocupado! Fosse o que fosse, se alguma coisa desse errado com a banda, não era algo tão grave assim. Mesmo porque tantas bandas erram ao vivo! E outra, eu tinha 14 anos, quem iria ficar bravo comigo?

Generalizando um pouco, eu tenho certeza que todo mundo já pensou: "Como a vida era mais fácil, mais tranquila há uns anos atrás. As preocupações, na verdade, não eram preocupações de verdade."

Mas pare para pensar. Será que realmente as preocupações de gente grande, as preocupações de hoje, são aquelas pelas quais que vale a pena nos inquietarmos? Será que não vai chegar o dia que vamos olhar para trás e pensar: "nossa... por que eu me preocupei tanto, trabalhar e sustentar uma família... não seria tão grave assim se eu errasse... eu poderia ter levado tudo mais numa boa..."

Mas é bem difícil alguém pensar assim.

Isso porque todas as outras preocupações, eram preocupações de crianças. E ter sucesso profissional é a preocupação predominante de adulto. E sabe o que é pior? A gente não passa da fase adulta. Não existe uma fase mais madura em que possamos olhar para trás e falar: "que coisa bobinha! se eu errasse não seria tão grave assim...".

E com certeza todo mundo deve estar pensando: "Mas amigo, sustentar uma família é coisa séria. É uma coisa com que você precisa se preocupar... e se der errado... e aí? Como você vai fazer?"
Concordo, e são essas as razões pelas quais eu também me preocupo.

Mas espera um pouco. Eu também achava que era super importante tocar o tecladinho. Eu também achava que era importante não errar nas falas do teatrinho ou nas letras das músicas que íamos tocar com a banda.

Será que não é uma questão de perspectiva? Será que não temos que levar todas as preocupações da vida profissional como se fossem um "teatrinho da escola"? E que, se tudo der errado, vai ser "bonitinho até" e vamos dar a volta por cima?

Estou muito convencido disso. O problema é convencer um lugar aqui dentro da cabeça que chama medo.

Apr 30, 2014

The book is on the table.

Se você começou o hábito de utilizar as duas primeiras "preciosas" horas da manhã (assim como eu escrevi aqui), resta agora saber como utilizá-las. O que fazer com as duas horas mais criativas do seu dia?

Não estou negando que todo mundo tem seus projetos importantes de vida. E muitos deles se encaixariam nessas duas horas. Entretanto, darei uma sugestão: se você ainda não é fluente em inglês, dedique uma boa parte do seu tempo para sê-lo.

Nos tempos em que a informação está cada vez mais na internet, cujo conteúdo esmagador é em inglês, a relação é obvia: quanto melhor você conhece esse idioma, mais acesso a conteúdo você terá. Se você quer saber como funciona uma bolsa de valores, por exemplo, imagine quanto conteúdo você achará em inglês e quanto conteúdo em português. Pense também em qual conteúdo terá mais qualidade...

Veja meu exemplo: se quero aprender sobre um filósofo um pouco "desconhecido", vou no youtube e coloco o nome dele (sempre tem umas aulinhas interessantes) e encontro mais de 90% (tudo bem, não acredite na estatística) do conteúdo em inglês, ao passo às vezes, não tem nada em português interessante.
Tenho uma colega, outro exemplo, brasileira, que escreve um blog em inglês para uma maior difusão de suas palavras.

Sem falar das melhores universidades do mundo que disponibilizam aulas grátis de todos os temas possíveis do conhecimento... em inglês. Ou da Academia Khan (khanacademy.org)

Como começar? Bom, além de dedicar uma hora do seu dia para aulas de inglês (tem várias opções online se você não quer ir para uma escola de inglês), uma dica interessante é fazer suas buscas sempre em inglês. Ora, a gente pesquisa inúmeras vezes no google certo? Então da próxima vez que você for querer saber como trocar um pneu, ou quais os países aliados na segunda guerra mundial, faça essa pesquisa em inglês. No começo pode ser difícil, compreendo. Mas esse hábito é ótimo para você aprender algumas expressões. No meu exemplo, será que o correto é replace tyres ou change tyres? E segunda guerra mundial é second world war ou seria World War II? Você descobre em menos de um minuto. É genial como o google te ensina (e de maneira interativa, correto?) como se escreve alguns termos e expressões.

Segundo, troque seu sistema operacional (ou todos os programas que puder) para versões em inglês. Inconscientemente você saberá que file é arquivo, e editar é editar. E acredite, um dia você irá usar essas palavras que, sem esforço, foram internalizadas.

E por último, como já disse, dedique 1 hora pelo menos para um curso em inglês. Fuce, não canse de fuçar. O youtube está cheio de coisas em inglês.

A dica é essa. Se você não sabe exatamente qual é o próximo projeto da sua vida, que seja aprender inglês. Você será extremamente mais autônomo, autodidata e livre (por que não?) se puder navegar, assistir vídeos e falar em inglês.

Apr 28, 2014

Mérito

Nunca subestime a posição que você está. Grandes são as chances de que você está ali, não por causa de um mundo injusto e cruel, mas por mérito próprio.

Apesar de inúmeras vezes não ser exatamente dessa forma, nossa sociedade é, de certa forma meritocrática. Claro que estou fazendo várias ressalvas, mas a regra geral é que, quem é bom, vai longe. Não precisa de fórmulas mágicas ou estar no lugar certo na hora certa ou muita sorte, nada disso. Se você for bom, você vai longe.

Me lembro de quando entrei no mercado de trabalho, tinha uma visão bastante romântica sobre o que era o mercado de trabalho. Eu tinha pena e solidariedade por aqueles excluídos, e, de certo modo, algum preconceito contra aqueles bem sucedidos. Eu imaginava que o excluído nunca tinha tido a oportunidade que aquele bem sucedido tinha recebido, e que por isso o mundo era injusto. Pensava também que o bem sucedido devia pelo menos tentar ajudar o excluído, pois este não tinha tido sorte na vida, ao contrário daquele.

Nos primeiros dias da minha "vida na prática", desenvolvi algumas das ideologias que vinham frescas da faculdade: acabei tentando ajudar alguns "excluídos". Expliquei finanças pessoais para um (e quantas vezes!). Limpei nome do serasa - emprestando dinheiro - de outro. Adiantei algum dinheiro para um terceiro. Até paguei (e ainda pago) escola particular para o filho de mais um. Fui fiador de outros dois.
Quer dizer, a ajuda pode não ter sido muita (e eu achava que não era), mas também não se pode dizer que eu não fiz nada pelos "excluídos".

Infelizmente, ao contrário do que eu imaginava, existem dois tipos de excluídos. Aqueles que não conseguem nada melhor pois realmente não fazem por merecer. E aqueles que realmente precisam de uma oportunidade, pois a eles nunca lhes foi dada uma.

E o grande problema: os excluídos que não se esforçam são um número incomparavelmente maior do que aqueles que realmente estão precisando de uma oportunidade para voar longe. E ajudar alguém do primeiro grupo vai ter algumas consequências não muito agradáveis: você vai perder tempo, dinheiro, e ainda ganhar um pouquinho mais de desilusão com o mundo.

Da mesma forma que encontrar funcionários bons para uma empresa é bastante difícil, aqueles que irão realmente dar valor às oportunidades que você proporciona estão em extinção. A dica: quer ajudar? Faça um processo seletivo rigoroso e escolha alguém que realmente mereça.

Sei que essa é uma visão um pouco pessimista do mundo, mas de fato o mundo não é um conto de fadas. Todos nós temos nossos defeitos, mas colocar os excluídos como vítimas e os bem sucedidos como malfeitores é uma visão ridiculamente simplificada e errada.

Tente encarar o mundo como sendo meritocrático. Você está aí porque você merece estar aí. Assim como seu colega está ali porque merece estar ali. Não culpe o governo, os outros, o mundo, o capitalismo ou qualquer outro bode expiatório. Nós somos responsáveis por estarmos onde estamos.

Apr 26, 2014

Um tijolo por vez ou uma casa confortável?

O que, no final das contas, é melhor para se ter em mente: construir um tijolo por vez - ou seja, foco nas suas tarefas individuais, uma a uma, para construir algo memorável; ou imaginar uma casa confortável perfeita e pronta para ser habitada - ou seja, foco lá na frente, naquilo onde você quer chegar?

Nenhuma das duas.

Uma visão "metafísica" do sucesso, em que você apenas traz como importante o sonho, o talento, o abstrato, apesar de fazer com que seus pensamentos voem longe, na prática não vai te levar a lugar algum.

Uma visão unicamente "realista" também não funciona. Nosso corpo não é uma máquina, e sem os estímulos adequados, a gente não vai, automaticamente, levantar da cama, começar nossos projetos e produzir como nunca antes. Colocar metas de trabalho, páginas para ler, páginas para escrever, exercícios para fazer, são praticamente metas falhas se não forem trazidas juntamente a um contexto que vai estimular você a fazer o que você, em situações normais, não faria.

Eu conheço pessoas extremamente sonhadoras e pessoas extremamente realistas. Eu mesmo já passei por momentos sonhadores e momentos realistas demais. E nenhum funcionou muito bem.

O importante é ter um foco "realista", mas sempre ligados a estímulos que te façam pensar um pouco mais além do que aquela mera tarefa. O que realmente te estimula?
Para todos os nossos projetos há as tarefas boas e as tarefas insuportáveis, e todas elas devem ser superadas. E não há como superar aquelas insuportáveis com uma boa estabilidade mental e emocional - e para isso é bom sonhar. E muito mais difícil de superá-las se você ficar apenas sonhando, sem levantar da cama, sentar numa cadeira e colocar a prática para funcionar.

Executar sonhando, ou sonhar executando. Essa é a regra.

Apr 24, 2014

Eu, eu mesmo, e meu ofício.

Estava tão feliz hoje para escrever sobre um tópico interessante quando depois de escrever metade do post acabei descobrindo que já tinha falado sobre aquilo aqui no blog. Com muita dor no coração acabei tendo que apagar tudo que tinha escrito...

Mas vamos lá.

Saiu esses dias um artigo sobre a identidade que as pessoas têm, elas mesmas como pessoas, com seus trabalhos. E o artigo mostra, de maneira excepcional, como é que nossa vida (e nossa capacidade de agradar o outro) está erroneamente ligada ao nosso trabalho. E de experiências de pessoas que saíram de empregos dos sonhos e que sentiram "vergonha" de assumir esse novo status.

Eu senti exatamente isso. Quando eu saí do banco que eu adorava, para empreender, acabei que ficando "um pouco sem rumo". Principalmente quando faziam a fatídica pergunta: "e aí, o que você faz da vida?"

Primeiro ponto, é inadmissível você não fazer nada. Claro, eu também não concordo com a ideia de não se fazer nada da vida, afinal, acho que todo mundo tem que ter um propósito ou uma distração. Trabalhar, apesar de tudo, não deixa de ser um catalizador ou gatilho para novas ideias e criatividade: ficar em casa não faz com que você interaja ou experimente outras atividades, consequentemente, não permite que você seja criativo.
Mas, apesar de tudo, se alguém responde que não faz nada da vida, um extremo preconceito toma conta de qualquer interlocutor ("vagabundo", "folgado", "filhinho de papai"). De novo, acho que é bom fazer alguma coisa da vida (tá vendo, eu estou me justificando exatamente para não sofrer esse ataque psicológico). Mas esse preconceito gigante mostra o quanto a nossa identidade depende de nosso trabalho.

Segundo ponto, não basta você fazer algo, mas você tem que fazer algo que a sociedade julga ser importante. Fato comprovado: todo mundo lá no meu restaurante ganha mais do que o salário inicial da maioria dos advogados recém-formados, por exemplo. E, "estranhamente" todo mundo enche a boca quando fala que é advogado. E, pelo outro lado, ninguém quer ser garçom, mesmo ganhando mais.

Terceiro ponto, não importa se sua vida está excelente ou bem perto de ser um lixo, ou quais suas perspectivas de futuro. O que todos querem (e, portanto, você) é saber o quanto seu trabalho é bom, legal e que não é para qualquer um. Esse ponto especificamente eu percebi analisando estudantes de Medicina.
Eu nunca vi alguém se orgulhar que não dorme mais do que 4 horas por dia. Dormir tão poucas horas é prejudicial à saúde, no mínimo. Além de trazer uma total instabilidade emocional. Mas inacreditavelmente, os alunos de medicina se gabam, com orgulho, de terem tido dias assim, aliás, de quase todos os dias das suas vidas serem assim. Eu brincava até que na Medicina os alunos tinham uma matéria de: "Como gabar-se da sua falta de tempo I (4 créditos)".

Enfim, deveríamos falar mais sobre como sermos felizes, e não como somos bons no nosso trabalho. Tudo bem, trabalho é parte da nossa vida, mas, opa, para por aí. Parte.

E falando em parte, vou partir.
Até.

(Ah sim, leia o artigo todo aqui)


Apr 23, 2014

Habituando-nos

Já faz um tempinho considerável desde que abri este blog e comecei a "mudar de hábitos". E já passou da hora de analisar como tem sido esses dias até agora.

Pontos positivos: Meus horários já estão mais fáceis de serem seguidos, apesar de caber aí uma melhora. Tenho seguido também a meta de exercitar todos os dias. Desde que comecei, quase 2 meses atrás, já li 10 livros, o que é uma meta razoavelmente boa, para quem não estava lendo quase nada... Lembrando que, para esse ano, meu objetivo são 30 livros (já estou nos 12 hehe)

Pontos ruins: ainda poderia ter sido mais produtivo. Uma das coisas que atrapalhou bastante (aliás, isso sempre atrapalha, eu apenas percebi com mais clareza agora...) foi a internet. Impressionante como alguns minutos na internet viram horas... uma coisa puxa a outra, e a solução? Não entrar.

Que conclusões aprendi: Bom, a primeira, e que hoje faz parte do meu experimento social/antropológico, é que usamos muito nosso celular à toa. E como a moda dos smartphones é relativamente recente - para a maioria das pessoas, ter um celular com internet tem menos de cinco anos - ainda não sabemos quais as consequências disso.
Sei que as probabilidades são poucas, mas, esse vício em ficar atento na telinha pode acabar bem mal, como por exemplo, desencadear depressão ou outros problemas psicossociais. Quem sabe? Afinal, nossa experiência com isso é de cinco anos... quem é que pode prever o que vai acontecer daqui a cinquenta?

A segunda conclusão é que a manhã realmente é o melhor momento para produzir. Estou ainda com bastante certeza sobre a teoria das duas horas da manhã (eu ainda vou fazer um post disso). Em suma, independentemente do que você faça, tire as duas primeiras horas da manhã para projetos realmente interessantes, relevantes e que exijam seu cérebro.

A terceira conclusão é que, caramba, hábitos são realmente um desafio homérico para serem mudados. Mas claro, o primeiro passo é entender bastante qual é o seu hábito.

A quarta conclusão (e muito importante), é que, o sono para mim é extremamente influenciador sobre as metas que colocamos. Não só o sono, mas qualquer situação que desequilibre você emocionalmente faz com que sua mente/corpo tente se desviar dos seus objetivos. E claro, situações emocionais são muitas, mas o sono é sempre uma constante (quem nunca passa sono durante o dia pelo menos umas duas ou três vezes na semana?). Você sabe que a religião islâmica é bastante rígida quanto aos horários em que as pessoas têm que rezar... pois é. E eles conseguem. Todos (ou pelo menos, quase todos). Faça isso com seus hábitos de sono, tenha uma rotina rígida. E sempre, sempre, vá para cama antes da meia noite.

Enfim, a semana ainda está no meio, mas esse wrap up estava faltando por aqui.
É isso.

Apr 22, 2014

Experimento Social e Antropológico

Resolver problemas é igual limpar o chão. Você não sabe como, mas vai aparecer sujeira de novo. E você vai ter que limpar novamente. Talvez uma das grandes certezas da vida: você sempre vai ter problemas para resolver... e hoje surgiu um grande pra mim. Mas vamos com calma que tudo vai dar certo...

Bom, depois desse desabafo, o real motivo desse post é que ontem comecei um experimento social/antropológico. Abandonar meu smartphone por 1 mês e meio. Até o dia 31 de Maio, pelo menos, vou ficar com um celular sem internet, câmera fotográfica e música. Regredindo mais ou menos uns 8 a 10 anos na história da tecnologia.

E meu primeiro dia já foi diferente. O que a nossa vida mudou desde que os primeiro smartphones surgiram não dá para imaginar... E a gente só não notou porque foi acontecendo de forma lenta. Mas quando de um dia para o outro você volta no tempo uns 10 anos, vê que muita coisa está diferente.

Bom, a primeira coisa que notei é que o tecladinho numérico (abc / def / ghi...) é extremamente irritante para quem já se acostumou com o outro, o qwerty (acho que esse vai ser meu maior problema com esse experimento).
A segunda coisa foi que muitas vezes eu pego ainda o celular, mas como não tem nada de interessante para ver, já coloco no bolso de novo... se eu estivesse com meu smartphone, provavelmente em todas essas vezes eu divagaria um pouco com emails, joguinhos ou whatsapp e perderia a chance de observar um pouco mais a vida...

O objetivo desse experimento é provar uma tese que venho há algum tempo sustentando. Se somarmos prós e contras, a nossa vida piorou com os smartphones. Isso porque acredito que sacrificar os pequenos momentos que passam despercebidos quando estamos na telinha não vale pela rapidez de informação e conexão que a internet móvel proporciona. Mas claro, que a certeza dessa tese só será provada ou refutada no final de maio.

Vou mantendo atualizado aqui o experimento.

Mar 26, 2014

Estou vivendo bem?

"Estou vivendo bem?"

Acho que essa talvez seja uma das perguntas que eu mais tenho feito a mim mesmo ultimamente. E é lógico que, para essa pergunta, não há resposta unívoca. E também não sei se faz parte do "viver bem" perguntar-nos se vivemos bem. Afinal, o que é melhor: ser feliz sem consciência sobre sua situação de felicidade, ou ser consciente de nossa infelicidade?

Stuart Mill achava que saber de nossa condição (de felicidade ou infelicidade) é melhor do que não sabê-la, mesmo que ao sabê-la tomamos conhecimento de nossa infelicidade. É sensacional seu trecho que diz: "É melhor ser um ser humano insatisfeito que um porco satisfeito; melhor ser um Sócrates insatisfeito que um tolo satisfeito; e, se o tolo ou o porco tem uma opinião distinta, é porque eles só conhecem o seu próprio lado da questão."
E sua razão é simples: ninguém consentiria em ser um porco/tolo feliz. Mas consentiria em querer saber mais sobre sua vida e existência e sua condição de infelicidade.

Schopenhauer dizia que nossa vida oscila apenas entre o tédio e o sofrimento: desejamos algo, sofremos por isso, conseguimos esse algo e nos entediamos, até que desejamos outro algo, e sofremos por isso... e assim vai.

Mas não! O propósito desse post não era uma revisão filosófica sobre a felicidade (aliás, eu nem tenho gabarito algum para isso). E nem discordar ou concordar com Schopenhauer ou Mill. O objetivo é falar um pouco de uma "vida feliz", e, claro, colocar a felicidade como a finalidade última de nossa vida. Afinal, o que é a vida senão uma busca pela felicidade?

E tentando viver sob esse ponto de vista, tenho percebido duas relações entre vida e felicidade. A primeira relação, não deixa de ser um certo paradoxo: felicidade não é realização de seus objetivos. Conseguir o melhor emprego, comprar o melhor carro, ser melhor do que seu amigo, nenhuma dessas realizações trazem uma felicidade plena. Aliás, pelo contrário, a busca por elas (quando desenfreada) traz sofrimento. O máximo que elas trazem é, quando atingidas, alegria (o que é bem diferente de felicidade). E isso porque a busca pela realização dos objetivos consome muito mais tempo do que dura a satisfação pela sua consecução. E o paradoxo está no sentido de que, ao mesmo tempo que a realização de seus objetivos não traz felicidade, o fracasso nessa realização traz sofrimento. Ou seja, a realização de objetivos é condição para uma vida feliz, mas não causa dessa vida feliz.

A segunda é que felicidade está, sem dúvida, associada a alguns pontos: o primeiro é o relacionamento próximo com as pessoas certas. O segundo é engajar em atividades ou pensamentos altruístas. O terceiro é reduzir a importância da competitividade.

O relacionamento com as pessoas certas é um tanto que intuitivo. Ninguém é feliz sozinho. Buscar mais proximidade daqueles que você ama é condição, e, diferentemente da "realização de objetivos", também é causa de uma felicidade.

Engajar-se em atividades/pensamentos altruístas também é causa de uma vida feliz. Isso não significa que você tenha que fazer filantropia (apesar de essa ser uma boa atividade altruista), mas sim que suas ações estejam orientadas para um impacto positivo nos outros. Ou, no mínimo, em não causar impacto negativo.

Por fim, a redução da importância da competitividade. Uma vez que o mundo está cada vez mais voltado ao sucesso pessoal e profissional - afinal não deixa de ser isso que nossos pais querem/queriam da gente - é mais comum uma busca desenfreada para ser melhor do que o outro. O importante não é muito o tanto que você consegue, mas o tanto que você consegue a mais do que seus pares. E claro que, nem sempre você consegue ser o melhor. E claro também que para ser o melhor, você tem que abdicar de muita coisa. E isso, de novo, traz sofrimento.
Reduzir a importância da competitividade é vital para uma vida mais tranquila, em paz, e passível de ser mais feliz. No final das contas, viver melhor consigo mesmo é muito mais importante do que comparar-se aos seus próximos.

E onde pode ser achada a felicidade? Isso é relativo. Muda de pessoa para pessoa. Cada um encontra felicidade de uma maneira distinta em um lugar/atividade diferente. Entretanto, sem dúvida ela deve estar comungada com esses três pontos: relacionamento próximo com as pessoas certas, atividades ou pensamentos altruístas e uma redução da importância da competitividade.

Até

Mar 20, 2014

Procrastinar - Uma boa relação é fundamental

O maior terror daqueles que desejam ser mais produtivos é, sem dúvida alguma, a procrastinação. Deixar pra fazer depois alguma coisa é uma tentação tão irresistível como não comer nenhuma sobremesa quando se está de regime. O pior de tudo, tentar resistir causa em você uma vontade cada vez maior de transgredir a regra de resistência que foi por você colocada. E aí é que está o problema: você colocou a regra. Não tente enganar sua mente, porque ela sabe muito bem sobre princípios de direito e hierarquia: "Aquele que tem poder para instituir uma regra, tem poder para revogá-la".

Enganar o nosso corpo não é tarefa nada fácil. Acho que todo mundo já deve ter passado pela situação de estar com muita vontade de ir ao banheiro e estar longe de casa. E já deve ter filosofado sobre a relação inversamente proporcional da distância da sua casa com a vontade de ir ao banheiro. Quanto mais perto você está da sua casa, mais insuportável fica sua necessidade. Aí, quando você está abrindo a porta da sua casa (e nessas horas você sempre se confunde com as chaves), você mentaliza "eu não estou chegando em casa, eu não estou chegando em casa..." E nada adianta.

Não é tão simples assim, certo?

E nosso corpo sabe que no caso da procrastinação (assim como no caso das dietas e regimes), você é quem colocou a regra de produtividade, então, não adianta muito mentalizar coisas como: "essa regra é irrevogável! Essa regra é irrevogável!" Não é tão simples assim...
O que é muito diferente no caso de um chefe que colocou prazo para uma tarefa. Nesse caso, nossa mente muito sabiamente tem perfeita ideia de que quem colocou a regra é o chefe, e você não tem poderes para revogá-la.

Por essa razão que é fácil acordar cedo para ir ao trabalho/faculdade, mas quase impossível nos finais de semana para fazer algo produtivo.

A solução para isso está em duas maneiras para contornar a procrastinação. Uma é o controle externo, e a outra é a boa relação com a procrastinação.

Controle externo talvez seja a forma mais eficaz de lidar com o fato de o corpo querer "revogar" suas regrinhas a toda (e menor) oportunidade possível. Existem algumas maneiras de fazer isso. Uma delas é contar pra todo mundo de suas metas e objetivos: espalhe para seus pais, amigos, ou qualquer pessoa que seja sobre sua meta e como você vai atingi-la. E mantenha-os informados sobre seu progresso. A segunda delas é escrever. Escreva sobre suas metas. Faça um diário. Ou melhor, faça um blog (aliás, a causa da existência do hábitos do bem é em princípio pessoal - é uma forma de prestar contas para mim mesmo das coisas que estou fazendo e que quero fazer). Escrever é muito mais forte do que mentalizar a meta. E não apenas escrever o que você quer fazer. Mas escrever o seu progresso é o que realmente importa. Haverá uma certa vergonha quando você perceber que não está cumprindo elas. E uma certa felicidade quando perceber que está seguindo o planejado...

A segunda maneira é a boa relação com a procrastinação. Não se culpe demais. Não coloque como meta tarefas difíceis em que há uma probabilidade maior do que 30% de chances de você não conseguir completá-las (por exemplo - emagrecer 5kg em um mês não é uma meta ideal, mas correr 10 minutos por dia sim). E se você estabeleceu a meta certa, mas naquele dia não quis fazer nada... tudo bem! Aja com naturalidade no dia que você não quer fazer. Lembre-se, você é um ser humano, e não uma máquina... não fique triste porque em determinado momento não fez o que deveria fazer. Tenha plena consciência disso (ao invés de se enganar pensando que irá fazer na próxima meia hora). Mas fique sempre feliz e em paz com você mesmo, porque não há nada pior para uma meta não ser alcançada do que baixa estima...

Eu ia terminar o post, mas na verdade ainda tem uma coisa a mais. Dormir bem. Se você ainda não percebeu, note bem de agora em diante. Dias bem dormidos são produtivos. Dias mal dormidos são dias de procrastinação.

Até!

Mar 19, 2014

Produtividade (ou, "Uma vida melhor")

Acho que todo mundo aqui está bastante cansado de ouvir que devemos separar trabalho de nossa vida pessoal. E nada mais certo! É a famosa aplicação da teoria da coisa: uma coisa deve ser uma coisa, outra coisa deve ser outra coisa.

Tão ruim quanto o sedentarismo sem propósito, é ficar 24 horas ligado em problemas e assuntos profissionais. Eu já senti isso (e às vezes ainda sinto): ficar o tempo todo preocupado com problemas do trabalho desde a hora em que acordo até a hora que vou dormir - muitas vezes até dormindo.

E o que tem o título desse post a ver com isso?

Quando me formei em direito, lembro na minha colação de grau uma passagem de um professor homenageado em que ele dizia: "Quem fica até a madrugada no escritório trabalhando, ao contrário do eles mesmo falam, não são workaholics. São desorganizados". Realmente, quando vemos de fora, até há um pouco de glamour em ficar até tarde trabalhando. E quem tem essa rotina maluca fala com todo o orgulho do mundo: "fiquei até as 2h da manhã ontem no escritório".
O engraçado é que a gente não ouve: "ontem produzi demais e fui embora às 15h para ficar com a minha família". Parece que é vergonhoso, vil. Que história é essa de 15h ir pra casa e não fazer nada? Que vagabundagem é essa?

Por mais que tentemos negar, é mais ou menos assim que enxergamos o trabalho. No final das contas, para a sociedade (e também para seu cérebro que sempre é ligado ao pensamento social), o que importa é passar a imagem de trabalhador implacável. Ninguém quer muito saber sobre a sua produtividade. O que importa mesmo é trabalhar até as dez da noite! E sem reclamar heim?

Lembro que conversava bastante com alguns amigos advogados e alguns que trabalhavam em bancos de investimento. E eles sempre falavam a mesma coisa: como o dia sempre seria longo, os advogados/analistas chegavam lá pelas 10h da manhã. Depois, iam tomar um cafezinho, liam o jornal. No almoço estendiam o horário para conversar de problemas do trabalho ou reuniões...

Não é necessário muito para entender o porque de ficar até as 2 horas da manhã.

Comece cedo. Comece a produzir de manhã. Use esse tempo para tirar da sua frente os maiores problemas. Resolva eles com uma boa cadência - devagar ou rápido não importa, o que importa é uma constância. Crie esse hábito. E tenha certeza que cada dia você vai produzir um pouquinho a mais, e no final das contas você poderá ir embora cada vez mais cedo.

Pratique isso, porque a sua vida não é só seu trabalho. É sua família. É fazer o que você gosta, ou não fazer nada de vez em quando. Por mais que você seja feliz com seu trabalho, tente trazer o foco da sua felicidade para as pessoas que você ama, ao invés do lugar que te dá dinheiro. E isso não vai te fazer um profissional pior, aliás, pelo contrário. Mas com certeza vai fazer você uma pessoa mais feliz.

Mar 18, 2014

Viver com menos

Bom, desde que comecei esse blog no final de fevereiro propus a mim mesmo que gostaria de mudar de hábitos. Acabar com os ruins e cultivar os bons. Listei uma série de metas e objetivos para mim (e olha que a lista ficou gigante mesmo eu esquecendo de incluir vários...) e comecei a me perguntar: como vou conseguir tudo isso? Como treinar para uma maratona e ser muito bom intelectualmente no que faço?

Minha estratégia anterior era de me ver como uma máquina: "você pode fazer tudo". "mude seus hábitos, durma menos, acorde mais cedo, esforce-se, tenha força de vontade... e aí você pode fazer tudo".

Legal, me propunha e engajava com várias atividades e o resultado... fracasso.

Dois problemas aí. Primeiro: eu não sou (e ninguém é) uma máquina. O ser humano é limitado, infelizmente. Segundo (e maior) problema: mude seus hábitos. Se isso fosse simples, não existiriam obesos, fumantes, drogados, viciados em qualquer tipo de coisa. Ah sim, e procrastinadores também estariam extintos (e quem não é procrastinador?)

Mudança de hábitos. Hoje para mim esse é meu grande objetivo. E apesar de parecer, não é tão simples. Quando você se engaja em uma mudança estrutural de seus hábitos, as chances são imensas de que você não será bem sucedido. E quando isso acontece, sua estima cai. E cada vez mais que você tenta e não consegue, sua estima cai mais e mais.

Tudo bem, e a solução?

Esqueça de suas metas e objetivos! Não todas suas metas, mas quem sabe cortar uns 70% delas? Não engajar em uma meta é a forma mais fácil de não fracassar ao tentar alcançá-la. E não, isso não significa não ter objetivos e viver em um sedentarismo sem propósito. Significa entender o que realmente é importante para você.

Veja o meu exemplo: aprender italiano, aprender a cozinhar, aprender fotografia e aprender a programar. Quatro objetivos meus (como eu gostaria de executá-los!) que risquei da minha lista. E deixei aqueles realmente importantes, como por exemplo, acordar mais cedo e fazer exercícios (físicos e mentais).

Viva com menos. Quem consegue viver com menos consegue ser mais feliz.

Manhã: seu bem mais precioso

Pouca gente percebe que não está dando a necessária importância para seu bem mais precioso: a manhã.

Utilize sua manhã para aquilo que mais precisa da sua criatividade, foco e concentração. Sua energia e vontade de fazer acontecer está no auge pela manhã. Você ainda não enfrentou nenhum problema do dia a dia. Aliás, nem está lembrando quais são eles. Então, por que não aproveitar isso?

Podemos comparar nosso corpo com um smartphone: isso porque quando acordamos, somos como aquele nosso celular que acaba de ser carregado e reiniciado. O funcionamento está no auge. A carga da bateria está nos 100%. Depois de alguns minutos, alguns aplicativos começam a funcionar e sugar a bateria. Outros começam a notificar de coisas que você tem que fazer, ligações perdidas e mensagens para responder. E durante o dia você abre mais e mais programas, aplicativos, páginas na web... até que no final do dia ou a bateria do smartphone está no fim ou o aparelho começa a "travar"...

Portanto, abstenha-se do impulso de abrir seus emails de manhã. Abstenha-se daquele hábito ruim de fazer rotinas que não agregam muito valor "intelectual". Talvez seja até bom você nem ler as notícias de manhã. Toda interferência vai acabar de certo modo trazendo você à realidade do mundo das informações e problemas a serem resolvidos. E isso atrapalha sua criatividade, foco e concentração. Deixe as rotinas "burras" para o final do dia (aí seu corpo e mente já vão estar no piloto automático mesmo...).

Tudo bem, e qual é a sugestão? Bem, não existem muitas regrinhas, mas talvez acordar, fazer algum tipo de exercício (nem que só por 10 minutos) e começar a trabalhar algum projeto importante antes de mais nada. Lembre-se emails não são importantes. Sua lista de "to dos" não é o mais importante (afinal, todos os dias ela vai estar lá...). Foque em um projeto importante. Estude. Escreva. Leia. Faça acontecer.

Tente usar suas primeiras 2 horas do dia para seu projeto importante. Mas se não der, use sua primeira hora. Você vai ver que ela já é muito produtiva. E claro, durma bem na noite anterior.

Até

Mar 17, 2014

90% dos jovens não querem ter sua própria empresa.

Li hoje um blog de uma amiga que deixou tudo muito claro para mim. Por que há um desejo tão intenso pelo empreendedorismo? Será que somos uma geração de empreendedores nata? Será que eu, você e muitos outros colegas que pensam parecido com a gente realmente sabe o que é ter um negócio próprio? E se soubéssemos, iríamos desejar isso para nós?
Creio que a resposta é não para, digamos, 90% dos casos (claro que a estatística é totalmente arbitrária, mas indubitavelmente deixa ares de cientificismo).

Amigos e amigas, o que realmente acontece não é uma febre por empreender. Não é uma geração que nasceu com tino apurado para o mundo dos negócios. Nem uma geração que é melhor (sob o aspecto profissional) do que nossos pais e avós.

A explicação para esta "revolução empreendedora" (conforme a definição da minha amiga) é extremamente simples e objetiva. Nosso sistema trabalhista não funciona mais.

Meus caros leitores, nossas leis do trabalho são de 1943 (na verdade as regras são muito mais antigas). Pouco discernimento é preciso para notar a gigantesca mudança estrutural (em todas, simplesmente todas as esferas da vida) que o mundo sofreu nesses últimos 70 anos. Mas as nossas leis trabalhistas continuam iguais. 8 h/dia de trabalho, 44h semanais, 1 mês de férias, jornada das 8h às 18h, as mesmas rotinas diárias, sistema fixo de remuneração, relacionamento distante entre chefe-empregado, dificuldade em "empreender" dentro da própria empresa, e por aí vai...

E aí, quando juntamos esse sistema trabalhista com todas as inovações estruturais e tecnológicas acabamos não vendo muita razão em tudo isso. Por que 8h/dia se produzo mais 4h em um dia e 12h em outro? Por que 1 mês de férias quando pra mim faz mais sentido 2 meses - aliás, poderia até trabalhar de casa esse outro mês! Por que jornada das 8h às 18 se gosto de acordar cedo e pra mim é melhor começar às 6h e acabar antes? Ou pra mim, que sou madrugador e gosto de acordar tarde? Por que ganhar a mesma coisa em um mês que não produzo nada em relação ao mês que "dou meu sangue"? Por que não posso conversar de trabalho tomando uma cerveja em um jantar no sábado ou num almoço de domingo com o meu chefe? Será que realmente sou recompensado em ser o melhor?
E sabe de uma coisa? Um empregado poderia ser ainda mais produtivo com todas essas flexibilizações.

Ora, está bem claro que essa revolução empreendedora, na verdade não é uma sede por empreendedorismo e inovação. É apenas o esgotamento do nosso sistema secular de trabalho.

90% dos jovens não gostam de ter sua própria empresa. Eles gostam apenas, como todo mundo, viver melhor. E viver melhor - e eu já escrevi sobre isso - é estar em algum ponto da sua vida bem distante das regrinhas da nossa CLT.
90% dos jovens não gostam de ter sua própria empresa. Eles apenas querem ter reconhecimento (ou dinheiro... ou os dois, por que não?)
90% dos jovens não gostam de ter sua própria empresa. Eles apenas querem dormir até tarde e trabalhar de madrugada.
90% dos jovens não gostam de ter sua própria empresa. Eles querem ser amigos daqueles que estão ao seu lado por mais tempo do que suas próprias esposas.
90% dos jovens não gostam de ter sua própria empresa. Eles querem poder focar também naquilo que os faz felizes. E querem encarar o trabalho como uma coisa legal (ou, no mínimo, menos chata).

Agora me respondam, leitores. Qual é mais fácil? Bater na porta do RH da sua empresa e mudar todo o sistema de trabalho para mais de mil pessoas? Ou largar tudo e começar o próprio negócio?

Até mais.

Mar 14, 2014

Dia 6 - Importância das Coisas

Algumas coisas específicas que às vezes nos tocam profundamente. E muitas vezes são tão pequenas, mas o resultado em nos deixar perplexos é bem grande. E ontem aconteceu uma dessas pequenas coisas que me fez refletir.

Estávamos vendo uma palestra sobre o Tempo e o Direito, quando o palestrante, que é bastante conhecido e que tinha seus oitenta e poucos anos, falou que o "tempo, muitas vezes, é angústia. Angústia para os jovens, que dependem do tempo para planejar e saber se vão dar certo na vida quando ficarem mais velhos. Angústia para os velhos que já estão na contagem regressiva para aquilo que pode-se chamar de fim".

E quando o velho disse isso, ele não deixou de disfarçar que realmente sofria daquela angústia. Como mais tarde ele confessou: ele pensa nisso quase todos os dias.

Terminada a palestra, no corredor da faculdade, lancei uma pergunta para minha namorada: qual angústia é pior: a dele, uma pessoa de sucesso que está contando os dias para morrer, ou a nossa, que somos jovens que angustiamos para saber se vamos dar certo?
E ela respondeu rapidamente e sem nenhuma dúvida: a dele, claro.
Aí ampliei o raciocínio: quer dizer então que ele trocaria sua angústia e seu sucesso e fortuna para viver a nossa angústia de não saber se vamos algum dia alcançar um mínimo de sucesso?
E ela: sim
E eu: Então a juventude tem muito mais valor do que sucesso, realização profissional e fortuna?
E ela: Talvez

E aí, enquanto caminhávamos logo depois que a palestra terminou, conclui mentalmente que se a juventude tem muito mais valor do que a realização profissional, por que muitas vezes perdemos aquela para alcançar esta? Será que a importância que damos para as coisas é relativa no tempo? Será que um dia vamos perceber que vivemos da maneira errada? Ou simplesmente não vamos dar bola sobre a maneira que vivemos, pensando na angústia da "contagem regressiva"?

Eu tenho quase toda a certeza do mundo que a importância que damos para as coisas não é só relativa no tempo, mas relativa a tudo o mais que existe no mundo. Se você viveu uma experiência traumática, provavelmente não dará mais importância para coisas que para você antes eram indispensáveis, e que agora não passam de... coisas. Se você acompanha a experiência do que é uma cirrose hepática em alguém que você muito estima, talvez hoje o álcool não tenha a importância que tinha na sua vida. Se você já sofreu um acidente de carro, pode não mais nutrir a pressa na estrada que antes fazia com que os minutos a mais ganhos em uma viagem fossem tão importantes.

E é importante pensar sobre isso? Não sei. Às vezes não pensar na melhor forma como ser feliz acaba sendo a melhor forma de ser mais feliz.

Mar 12, 2014

Dia 5 - Estudos e mais Estudos

Nesse quinto dia posso me declarar contente com o resultado até agora.

Li e resumi um livro e meio (cerca de 280 páginas até agora). Estou acordando cedo e, de certa forma, me exercitando.

Ainda paira uma grande "pressão" sobre outros objetivos que estou "deixando de lado". Principalmente a vontade de me empenhar em uma campanha para reduzir peso. Provavelmente porque "estudar", a uma primeira vista, parece ser uma atividade não muito eficiente (eu não consigo tickar nenhum item nas minhas listas de fazeres).
Estou dormindo bem e comendo bem, o que também está fazendo diferença. E meu ritmo de estudo está acelerando, o que é extremamente positivo (olhando no longo prazo).

Uma coisa eu realmente provei: a minha manhã é o período mais produtivo do dia. Minha cabeça está funcionando 100% e esse é o momento em que os projetos criativos / intelectuais devem ser alocados. Se todos os dias eu tirasse as 2 primeiras horas para ler/escrever, com certeza conseguiria atingir muito mais objetivos. Mas um alerta: como a cabeça está em "pleno vapor", é a hora também em que pode mais facilmente ser distraída com outras coisas (acho que é um pouco de "sede de informações"). Facebook, notícias, emails e mensagens tem que ser simplesmente cortados. E, pra mim, que já tenho hábitos fortes em acessar esses serviços, tenho que realmente "desligar a internet".

O que fiz hoje: li e resumi cerca de 60 páginas. Palestra hoje a noite. Abdominais
Satisfação do dia: boa. mas ainda há uma pressão psicológica em "aumentar a cobrança". De alguma forma preciso aumentar os exercícios físicos.

Mar 7, 2014

Dia 2 - Uma outra utilidade para o blog

Eu me lembro que quando estava no terceiro colegial, eu mantinha uma espécie de "diário" que eu tentava escrever todos os dias. Foi uma das coisas mais legais que eu fiz. Até hoje eu ainda relembro com muitos detalhes o que foram aqueles dias (e como eu pensava e refletia naquela época). Mas talvez a maior vantagem tenha sido a desenvoltura que adquiri para escrever. Não que eu seja um bom escritor. Não. É que com a prática, as palavras fluem mais facilmente, as ideias se organizam melhor (e isso foi fundamental para as provas de redação no vestibular).

Enfim, além de me ajudar a buscar mais hábitos do bem (e afastar aqueles ruins), esse blog vai ajudar também nas técnicas da escrita. E claro, a cada vez mais escrever mais rápido.

O que fiz hoje: li e resumi cerca de 20 páginas para estudar pro mestrado. Acordei pouco antes das 9h. Fiz abdominais (cada dia um pouco mais). Reunião a tarde. Aula a noite em Ribeirão.
Satisfação do Dia: Regular, mas pode melhorar no quesito exercício físico. Também uma divisão de tarefas seria bem vinda.

Hoje é isso.
Um abraço!

Mar 5, 2014

Começando!

Pois é, chegou o dia!
Amanhã começo meus novos hábitos do bem. Tinha dito que iria aos poucos. E assim farei, mas com uma exceção: minha prova do Mestrado é daqui a 2 meses e alguns dias, portanto no quesito estudo minha vida irá mudar drasticamente. Isso não deve ser um problema muito grande, uma vez que mudanças drásticas são possíveis sim: desde que haja uma motivação clara, forte e presente (e que não sejam muitas). E não há nada mais claro hoje para mim do que a prova do mestrado. E, claro, essa mudança será por pouco tempo.

Para operacionalizar isso vou fazer o seguinte: das 8 da manhã até as 2 da tarde irei me desconectar totalmente (eu sei, mudança drástica de novo, mas é por pouco tempo). Sem telefone. Sem internet. Sem facebook. Sem emails. Na verdade, estou em dúvida se vale a pena ler as notícias (ou se elas já irão me dispersar no começo da manhã...). Mas enfim, esse será meu período criativo, meu período produtivo do dia. Pra isso duas coisas são fundamentais: (i.) dormir suficientemente bem; (ii.) fazer exercícios moderados.

Após as 14h, vou resolver os problemas do dia-a-dia:  ligar para fulano, responder meus emails e relaxar a cabeça.

Bom, isso será apenas por alguns dias (até junho). Vou contando aqui como vou desenvolver isso.
Todas as minhas outras mudanças que pretendo na minha vida vão ficar na geladeira (uma coisa por vez!). Se passar (ou não) nesse mestrado, aí sim volto a retomá-las.

Enfim, por hoje é isso. Empolgado para amanhã.

Abraços!
E bons hábitos!

Feb 28, 2014

From Scratch

Não é difícil perceber que muita gente já se sentiu frustrada tentando mudar seus hábitos. Muita gente iludiu-se com a ideia de planejar (e até escrever) objetivos, mas nunca alcançá-los por largar tudo no meio do caminho.
É exatamente assim que venho me sentindo ultimamente. Milhões de projetos que me fascinam e a vontade de querer abraçar tudo. E venho sistematicamente fracassando um a um.
Mas isso vai mudar. Se vai. Vou começar do zero - mais uma vez - mas com dois ingredientes diferentes dessa vez. O primeiro é que vou escrever aqui toda a jornada de "rearranjar" meus hábitos. Agora tudo o que fizer e deixar de fazer será dolorosamente marcado aqui nesse blog. O segundo é que dessa vez vou aos poucos - mudanças graduais para a vida, e não drásticas para ontem.

Para se ter uma ideia de como maluca é a minha cabeça, abaixo estão alguns dos "objetivos" que venho tentando atingir - e acredite, parte de mim acha que é possível atingi-los.

1. Passar no Mestrado
2. Acordar Cedo
3. Correr segunda meia maratona
4. Correr uma maratona
5. Dormir bem
6. Usar menos o computador
8. Estudar Mais
9. Escrever um Livro
10. Começar uma Startup
11. Aprender Italiano
12. Dar aula de inglês
13. Aprender a programar
14. Dar a volta ao mundo velejando
15. Ajudar outras pessoas
16. Morar fora 1 ano
17. Advogar de forma brilhante
18. Abrir o melhor escritório de advocacia
19. Passar na prova de proficiência de espanhol
20. Aprender a cozinhar
21. Ter um blog de sucesso

Sim, é lindo, fantástico sonhar com todos esses objetivos. Pra mim todos eles são muito legais e eu seria a pessoa mais feliz do mundo conseguindo atingi-los, um a um.
Mas não! Viver para esses sonhos na realidade tem sido um pesadelo. Outra parte de mim atesta o tempo todo (e com toda a razão): "cara, é impossível abraçar o mundo! você tem só uma vida". Rapidamente eu tento não escutar essa voz da racionalidade, e volto ao mundo encantado dos sonhos.

Mas não. Dessa vez vai ser diferente. É pouco não-usual dizer isso, mas a partir de agora vou concentrar esforços para eliminar alguns objetivos. O que realmente importa pra mim? O que me motiva? Será que não é mais feliz viver uma vida mais focada em poucos, mas bons objetivos?

E é com essa ideia que esse blog nasce. E ironicamente já risco o item 21 da minha lista: não quero ter um blog de sucesso. Não vou comprometer escrever todos os dias, buscar tráfego, nada. O Hábitos do Bem nasce para ser minha ferramenta pessoal para a mudança. Para trazer hábitos do bem, e não tentativas malfadadas de mudar.

Ah, e vou viajar nos próximos dias. Tudo bem. Vou tentar ser menos rígido comigo mesmo.
E o primeiro hábito do bem: escrever aqui meu progresso. Será que consigo?

Que tenhamos uma excelente jornada!